Faça a barba à moda antiga e aproveite os benefícios deste ritual

| segunda-feira, 2 de maio de 2011

Escritórios especializados em detectar tendências, como o WGSN e o Senac Moda Informação, já tinham cantado a bola. O desejo de resgate do passado é uma das mais importantes macrotendências do momento. A elegância masculina clássica ressurge não só nas roupas, como também nos cuidados com a aparência. O Hora H pega uma carona nesta onda retrô e mostra o prazer e as vantagens de fazer barba como antigamente.
 Toalha quente: o calor ajuda a abrir os poros e amacia os pelos, facilitando o trabalho de barbear
Tire os pelos da parte de baixo da boca

Em 2007 aconteceu a estréia de “Mad Men”, seriado americano ambientado em uma agência de propaganda fictícia do começo dos anos 1960. No Brasil, está no ar pelo canal HBO a quarta temporada. A história gira em torno da vida do publicitário Don Draper, interpretado por John Hamm, e mostra as mudanças de comportamento da América na época. Ganhou o status de seriado “cult” tanto pelo roteiro, quanto pelo cuidado com os cenários, figurinos e objetos de cena. Aclamada pela crítica, faturou treze Emmy e quatro Globos de Ouro.


O sucesso da série inspirou coleções tanto masculinas quanto femininas ao redor do mundo e trouxe de vários elementos que estavam em desuso, como o lenço no paletó, a gravata borboleta, o suspensório, entre outros. Como se passa numa época anterior a da preocupação excessiva com a aparência, mostra de forma mais natural como o homem pode estar elegante sem grandes exageros. Em resumo, roupas bem cortadas, atenção aos detalhes, corte de cabelos simples, barba bem feita.

A partir desta onda saudosista, começaram a surgir em Nova Iorque e Londres várias barbearias com cara de antigas, especializadas em cortes de cabelos das décadas de 50 e 60 e fazer barba com direito a navalha e toalhas quentes. No Brasil, estão virando moda em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Vitória. A Barbearia 09 de Julho, dos sócios Tiago Cecco e Anderson Napoles, existe há quatro anos e representa bem esta tendência.

“Além de barbeiros profissionais, somos fãs da cultura das décadas de 40 a 60. Eu trabalhei em barbearias tradicionais em Londres e quando voltei ao Brasil acabei me tornando sócio do Tiago, porque queria uma barbearia como a 9 de Julho, com esta atmosfera antiga e com móveis e objetos originais de época”, explica Anderson.

A idéia deu certo, tanto, que depois de abrirem o salão numa galeria da Rua Augusta, eles inauguraram uma filial no Centro antigo de São Paulo e pretendem emplacar mais uma no Itaim ainda este ano.

“Na Augusta, nossa clientela é formada por jovens modernos que procuram cortes de cabelo clássicos com a lateral batida, bem militar como os da década de 40 ou com o topete clássico, tipo “rockabilly” da década de 50. No Centro, atendemos homens de 30 a 60 anos que trabalham em lugares mais formais e precisam estar sempre com a barba bem feita”, avalia Anderson.

Para entender como se faz uma barba à moda antiga, convidamos o jornalista Rodrigo Fernandes, 28, dono de um barba cerrada e que nunca tinha ido à uma barbearia, para um teste na 9 de Julho. Ele foi atendido por Rafael Sevilho, barbeiro há dois anos e que aprendeu o ofício com Tiago Cecco.

”No começo fiquei meio apreensivo quando vi a navalha, mas o Rafael passa muita segurança no manuseio. Depois com a toalha quente, a música, o ambiente, tudo vai te levando para outra época, a gente vai relaxando e é muito bom. A barba fica perfeita, muito diferente de quando fazemos em casa, pois sempre sobram alguns pelos aqui e ali. Quero voltar não só para fazer a barba, mas esperar o cabelo crescer um pouco e fazer um corte com eles”, avalia Rodrigo.

Rafael entende a preocupação de Rodrigo sobre o uso da navalha e aconselha a não tentar isto em casa. “A navalha foi substituída pela navalhete, que usa lâminas descartáveis e evita doenças transmissíveis por objetos cortantes. Mesmo assim são muito mais afiadas que as comuns”.

Para Anderson, no começo os clientes olham meio desconfiados para eles, pois são jovens e tatuados, num ambiente que remete a uma barbearia antiga. Depois, ganham a confiança e se tornam clientes fiéis. “Muita gente vem aqui por causa do ritual de fazer a barba e não só pela necessidade”.

Numa época tecnológica, onde tudo é feito de maneira instantânea, reservar um momento para que os outros cuidem de você, não é só nostalgia. É um raro prazer, que deve ser aproveitado cada minuto. As mulheres sabem disso há décadas. Nós já soubemos, mas esquecemos. Hora de relembrar!

Barbeiro é uma das profissões mais antigas do mundo, sendo que a navalha já era usada no Egito em 3500 a.C.. A Grécia antiga importou da Macedônia o costume de raspar a barba. A barbearia chegou a Roma em 296 a.C. e logo se tornou popular, tanto que a primeira barba feita de um jovem era considerada um ritual de passagem. Historicamente, as barbearias sempre foram consideradas um lugar de encontros sociais, divulgação de notícias, fofocas e debates.

No Brasil, mesmo com o declínio do número de barbearias tradicionais nos grandes centros, algumas resistem ao tempo, atendendo muitas vezes até três gerações da mesma família e mantém a mesma técnica artesanal de fazer a barba. Existem as mais novas que surgem com o espírito retrô, decoradas com mobiliário antigo e que mantém viva a tradição.

0 comentários:

 

Copyright © 2011 BLOG - Invento Criativo | Design by JOSEMORAIS.COM